Neuroblog e Psicopatologia: Trepanação

Seria a saída para a dor de cabeça crônica e também para a tão temida cefaleia em salvas?

Dentro da medicia moderna, a trepanação consiste na abertura de um ou mais buracos no crânio, através de uma broca neurocirúrgica para amenizar a pressão cerebral.
Quando realizada de forma única, a trepanação serve para se criar uma abertura por onde se pode drenar um hematoma intracraniano ou se inserir um cateter cerebral.
Em uma craniotomia, várias trepanações são feitas para se criar os vértices de um polígono ósseo que será retirado do crânio. Com o auxílio de uma serra neurocirúrgica, uma linha ligando cada vértice é serrada e o polígono (flap) ósseo do crânio é retirado, liberando o neurocirurgião para abordar a massa encefálica.

Nos tempos antigos

A cultura da trepanação esteve presente desde o tempo dos Mesolítico e há cadáveres com sinais de trepanação em praticamente todas as antigas civilização do mundo. Encontra-se exposto no Museu Geológico, em Lisboa, crânios mesoliticos com sinais de trepanação e com um pequeno sol desenhado em redor do orifico sugerindo uma prática ritual .
Tal como as sangrias, a trepanação era um procedimento médico muito realizado, com o objetivo de eliminar os maus espíritos e demônios do paciente, mas sem nenhum significado terapêutico prático. A sobrevivência ao procedimento nos séculos antes da Idade Média era de aproximadamente 70%, mas durante os séculos XIV a XVIII caiu praticamente a zero, devido ao pouco cuidado dos realizadores de tal prática, que acabavam perfurando as meninges do paciente e causando uma hemorragia incontrolável. Há relatos de cirurgias desse porte no Egito e na Mesopotâmia, nas quais o paciente (vítima) era dopado com uma bebida alcóolica e depois tinha seu crânio aberto por um instrumento pontiagudo.

Bom, existem aqueles que fazem a trepanação por livre arbítrio, e aqueles que são submetidos a ela através de cirurgias por problemas neurológicos. Mas tem quem acredite que a trepanação possa trazer longevidade e sabedoria, então não irei comentar, nem dar muita ênfase aos casos clínicos, esses são uma tragédia; pessoas com problemas sérios que passam por dificuldades pós-operatórias. Um exemplo é o enxerto mal colado resultando deformações na cabeça.
Mas meu foco vai ser para as tribos e alguns estudiosos que, por tradição ou livre vontade, aderem essa prática, bem diferente aos nossos olhos, mas bem conhecidos pelas civilizações passadas. Vejam:
A Trepanação é aplicada desde temos imemoriais, atestada pelos crânios de diversas idades encontrados em sítios históricos. Um costume que se acreditava extinto depois que a humanidade entrou na era moderna, ressuscita em pleno século XX no auge da era psicodélica nos anos 60.

Mas porque um ato tão antigo foi reaparecer justo na época da psicodelia, no meio de pessoas que buscavam e conheciam um novo jeito de levarem suas vidas? O que será que esse ato de cirurgia mais antigo do mundo, com registros de aparições desde 40.000 mil anos atrás, desde a época dos Cro-Magnons, voltou a ser respeitada e adota depois de tanto tempo?
Na cultura indígena trepanar suas cabeças significava rituais mágicos e religiosos, para trazer sorte e oferecer sacrifício. Terapia também feitas por curandeiros, principalmente devido à convicção que, abrindo o crânio, eles “liberariam” espíritos ruins ou demônios que habitariam o corpo do paciente.
Já o professor Huges que foi aluno de medicina – mas não passou nos exames para se formar como psiquiatra , em 1962, após algum tempo fazendo uso de mescalina (anestesia), percebeu que há uma sensação de consciência expandida ocorrida devido a um aumento do volume do sangue no cérebro. Segundo Huges, a posição ereta do ser humano trouxe benefícios, mas a certo custo: o fluxo de sangue no cérebro ficou limitado pela gravidade, o que reduziu a expansão da consciência humana. Certas partes do cérebro ficaram limitadas em suas funções enquanto outras (como a da linguagem e do raciocínio) ganharam maior ênfase.
Como não arrumou ninguém para realizar a cirurgia Huges fez sua própria trepanação numa cirurgia de 45 minutos, utilizando um perfurador elétrico, um escapelo e uma agulha hipodérmica, Huges contou ter ganhado um consciência mais plena, como se ele tivesse apenas 17 anos de idade; interessante?
Logo abaixo vou postar um vídeo onde também acontece um ato de trepanar, mas numa tribo, e sem qualquer tipo de anestesia.